Existe preposition stranding no português?

Hernandezlol

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Spanish
Oi, pessoal

Esta pergunta é para falantes de português brasileiro. Sou aluno de mestrado em linguística e atualmente desenvolvo pesquisas sobre preposition stranding em línguas românicas, especialmente espanhol, francês e português. Para quem ainda não ouviu falar, preposition stranding é como chamamos quando uma preposição é separada de seu complemento. Isso é muito comum em inglês, como em "I don’t know what you are talking about", em oposição a "I don’t know about what you are talking”. Encontrei algumas frases informais em português brasileiro com aparente preposição encalhada e me pergunto se elas soam bem ou não para falantes nativos. Você poderia me dizer? Não estou preocupado com a "correção gramatical", apenas se eles soam bem para você como falantes nativos ou se soam estranhos. Por favor, desculpe meus erros, já que não falo português e isso foi traduzido no Google Tradutor.

1)"O que o Congresso se posicionou contra?"
2) "Que projeto de lei os trabalhadores entraram em greve quando o Senado se posicionou contra?"
3)"Que projeto de lei você conhece o político que votou contra?"
4)"Qual equipe você não gosta quando seu time joga contra?"
5) "Que tema você se emociona quando fala sobre?"

Muito obrigado!
 
  • Hernandezlol, vou te dizer o que penso, mas não tenho a pretensão de falar por todos.

    Em (1-4), 'contra' é advérbio, não é preposição. Não há nada faltando depois de 'votar contra' ou 'posicionou-se contra'. Essas expressões querem dizer 'votar contrariamente' e 'posicionar-se contrariamente'. O erro, se houvesse algum, seria de regência: 'votar contra', nesse caso, é intransitivo.

    Em (5), porém, o 'falar sobre' dói aos meus ouvidos. Não é agramaticalidade exatamente. É mais porque sei que se trata de anglicismo. Suponho que algum falante que não tenha a língua inglesa tão presente na cabeça aceite (5) sem maiores problemas. Deve até achar bonito.
     
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    Hernandezlol, vou te dizer o que penso, mas não tenho a pretensão de falar por todos.

    Em (1-4), 'contra' é advérbio, não é preposição. Não há nada faltando depois de 'votar contra' ou 'posicionou-se contra'. Essas expressões querem dizer 'votar contrariamente' e 'posicionar-se contrariamente'. O erro, se houvesse algum, seria de regência: 'votar contra', nesse caso, é intransitivo.

    Em (5), porém, o 'falar sobre' dói aos meus ouvidos. Não é agramaticalidade exatamente. É mais porque sei que se trata de anglicismo. Suponho que algum falante que não tenha a língua inglesa tão presente na cabeça aceite (5) sem maiores problemas. Deve até achar bonito.
    Muito obrigado pela sua resposta, Machadinho. Uma coisa PA apenas: As frases 1-4 lhe soam bem ou mal?
     
    Muito obrigado pela sua resposta, Machadinho. Uma coisa PA apenas: As frases 1-4 lhe soam bem ou mal?
    Soam bem na fala, pois é de fato como nos comunicamos espontaneamente aqui e agora no Brasil. Não sinto qualquer estranhamento ou faço qualquer esforço ao entender ou produzir frases como (1-4). Mas "soam" feias na escrita. "Soam" transcrição da fala.
     
    Na minha opinião, querer transportar para português este género de construção sintáctica não funciona.
    Esta é claramente uma das diferenças entre os dois idiomas.
    Imagine os adjectivos em inglês.
    The red flower = A vermelha flor:cross:
    The short man = O baixo homem:cross:

    Não se trata de não entender a tradução, mas sim de não soar natural a um nativo. Não falamos nem escrevemos assim.
     
    Na minha opinião, querer transportar para português este género de construção sintáctica não funciona.
    Esta é claramente uma das diferenças entre os dois idiomas.
    Imagine os adjectivos em inglês.
    The red flower = A vermelha flor:cross:
    The short man = O baixo homem:cross:

    Não se trata de não entender a tradução, mas sim de não soar natural a um nativo. Não falamos nem escrevemos assim.

    Obrigado pela sua resposta, Mário Adélio. Porém, há duas coisas que gostaria de dizer. Sei que essas estruturas não são comuns em Portugal, mas no Brasil são, principalmente no discurso informal dos mais jovens. Em segundo lugar, ninguém está tentando forçar essas estruturas para o português. Sou estudante de lingüística e atualmente estou fazendo um trabalho sobre esse tema justamente para saber se essas frases no Brasil são influenciadas pelo inglês ou não, porque, apesar do que parece à primeira vista, elas não são muito parecidas. (Isso foi traduzido no Google Tradutor, pois não falo português)

    Soam bem na fala, pois é de fato como nos comunicamos espontaneamente aqui e agora no Brasil. Não sinto qualquer estranhamento ou faço qualquer esforço ao entender ou produzir frases como (1-4). Mas "soam" feias na escrita. "Soam" transcrição da fala.
    Muito obrigado pela ajuda, Machadinho!
     
    A 5) é a minha pet peeve, mas sei que ocorre e bastante. A 1) me dá vontade de sair gritando e as outras 'passam', mas, como disse o machadinho, parecem frases transcritas da oralidade.

    Na minha opinião essas frases não têm muito a ver com o inglês, já que o número de brasileiros que o domina a ponto de começar a transpor essas características ao português é ínfimo. Existem outros fenômenos mais ou menos estudados no Brasil que podem esclarecer boa parte do que tem ocorrido por lá, como a ergativização e quejandos...
     
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    A 5) é a minha pet peeve, mas sei que ocorre e bastante. A 1) me dá vontade de sair gritando e as outras 'passam', mas, como disse o machadinho, parecem frases transcritas da oralidade.

    Na minha opinião essas frases não têm muito a ver com o inglês, já que o número de brasileiros que domina o inglês a ponto de começar a transpor essas características ao português é ínfimo (afirmo isso pensando na 5)). Existem outros fenômenos mais ou menos estudados no Brasil que podem esclarecer boa parte do que tem ocorrido por lá, como a ergativização e quejandos...
    Muito obrigado, Guilhenning! Então as quatro primeiras são ok para você? E esta: “Qual assunto você adora quando alguém fala com você sobre?”? Soa ruim?
     
    Então as quatro primeiras são ok para você?
    Eu as acho bastante bizarras. A 1), por exemplo, não me apraz. E as outras passariam sem muito problema se eu as ouvisse, mas o fato de tê-las lido me remete a uma recusa delas. A 5) que, por ser pet peeve, nunca deixo passar em branco, mas é tão comum (bem mais do que as outras, eu diria) que muita gente nem sequer a nota.
    Todavia, é preciso dizer que a tolerância de falantes brasileiros é bastante diferente à linguagem oral e à escrita. Como os seus exemplos devem ser transcrições da oralidade, seria mais viável que perguntasse aos falantes o que acham dessas frases após ouvi-las, contexto no qual a tolerância tende a ser bem maior. Mesmo a mera transcrição da oralidade tende a suscitar rejeição de brasileiros. O que quero com isto dizer é que você só conseguirá resultados biased aqui porque o filtro é diferente para a modalidade oral e escrita.

    “Qual assunto você adora quando alguém fala com você sobre?”? Soa ruim?
    Sim, soa mal. O mais comum será elidir 'sobre' de todo.
     
    Não estou preocupado com a "correção gramatical", apenas se eles soam bem
    Do excerto acima depreendo que seu interesse não é pelo aspecto sintático, e sim pelo funcional. Atrevo-me a propor uma hipótese, talvez lhe sirva, talvez não. Tendemos (em PT e também em ES) a aceitar o deslocamento da preposição quando ela tende a referir-se mais ao verbo que ao seu objeto. Em outras palavras, repito o que já sinalizou @machadinho: quando elas tendem a modular o verbo ou quando o verbo, exigente, "rege" a proposição.
    Em EN, a preposição tem um grande valor na significação dos verbos. Os anglófonos estão acostumados a só definir o valor semântico dos verbos depois de ouvir a preposição que se lhes segue. To get up, get off, get out, get along with, get rid of... significam coisas bem diferentes. Não é assim em PT e ES, ao menos não tanto quanto em EN. Temos verbos com mais de uma acepção, é verdade, mas não se comparam com os "phrasal verbs". É menos agressivo ao ouvido anglófono deixar a preposição junto do verbo. Já para nós até funciona, mas em casos nos quais a conexão entre verbo e preposição é mais evidente, eis minha hipótese.
    "O que você falou sobre?" cheira (iapesta!) a anglicismo, especialmente quando escrito, mas "O que você falou de?" é inaceitável. Em " ir a (algum lugar)", [a] é preposição, sem lugar a dúvida. Mas em "ir contra (algo)", a modificação do verbo induzida por [contra] não pode ser desprezada. Se considerarmos [contra] como preposição pura e dura, a sentença significaria chocar-se contra (algo). Posicionar-se no sentido de adotar um lado em uma discussão exige [contra], [a favor] ou quetais. Posicionar-se contra com contra=preposição seria arrimar-se, encostar-se, apoiar-se.

    Finalmente, preposition stranding não é um fenômeno monolítico. Há casos mais ou menos divididos em categorias. Que eu não conheço nem tenho a capacidade de discutir. Mas li em algum canto sobre a língua inglesa (sei que seu interesse reside nas românicas), sabe-se lá há quanto tempo, que as sentenças com "onde, quando, quem etc" (as wh-words) são uma das divisões taxonômicas do "fenômeno preposition stranding", o que me faz supor que haja outros super-casos. Talvez lhe seja útil deslindar esses casos, voltar aqui e propor um conjunto de construções, divididas em categorias, aos nossos ouvidos.
     
    Olã!
    Se não me engano, até mesmo no inglês, lógico que quem faz isso é a políça da gramática e não é o mesmo que em português, condena-se o uso de preposições ao final da frase. Parece que por consumir muito material "online" os falantes copiam o inglês e assim vira bola de neve. Me lembra o famigerado "vou estar transferindo a sua ligação".
    1)"O que o Congresso se posicionou contra?"
    2) "Que projeto de lei os trabalhadores entraram em greve quando o Senado se posicionou contra?" Come again?
    3)"Que projeto de lei você conhece o político que votou contra?" Nem dá pra entender.
    4)"Qual equipe você não gosta quando seu time joga contra?" Nem entendo essa também.
    5) "Que tema você se emociona quando fala sobre?" Non capisco.
     
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    Concordo com o machadinho em gênero, número e grau. De tanto traduzir o inglês ao pé da letra, os brasileiros que 'fugiram da escola' deram para traduzir literalmente, mesmo porque não sabem português também, ou então deixam o sr. google fazer o serviço para eles.
     
    Isso sem dúvida, mas o uso já ultrapassou a barreira do falante que fala também o inglês. A minha mãe não fala uma única palavra daquela língua, tem mais de 60 anos e já a peguei construindo frases com esse ‘sobre‘.
     
    Do excerto acima depreendo que seu interesse não é pelo aspecto sintático, e sim pelo funcional. Atrevo-me a propor uma hipótese, talvez lhe sirva, talvez não. Tendemos (em PT e também em ES) a aceitar o deslocamento da preposição quando ela tende a referir-se mais ao verbo que ao seu objeto. Em outras palavras, repito o que já sinalizou @machadinho: quando elas tendem a modular o verbo ou quando o verbo, exigente, "rege" a proposição.
    Em EN, a preposição tem um grande valor na significação dos verbos. Os anglófonos estão acostumados a só definir o valor semântico dos verbos depois de ouvir a preposição que se lhes segue. To get up, get off, get out, get along with, get rid of... significam coisas bem diferentes. Não é assim em PT e ES, ao menos não tanto quanto em EN. Temos verbos com mais de uma acepção, é verdade, mas não se comparam com os "phrasal verbs". É menos agressivo ao ouvido anglófono deixar a preposição junto do verbo. Já para nós até funciona, mas em casos nos quais a conexão entre verbo e preposição é mais evidente, eis minha hipótese.
    "O que você falou sobre?" cheira (iapesta!) a anglicismo, especialmente quando escrito, mas "O que você falou de?" é inaceitável. Em " ir a (algum lugar)", [a] é preposição, sem lugar a dúvida. Mas em "ir contra (algo)", a modificação do verbo induzida por [contra] não pode ser desprezada. Se considerarmos [contra] como preposição pura e dura, a sentença significaria chocar-se contra (algo). Posicionar-se no sentido de adotar um lado em uma discussão exige [contra], [a favor] ou quetais. Posicionar-se contra com contra=preposição seria arrimar-se, encostar-se, apoiar-se.

    Finalmente, preposition stranding não é um fenômeno monolítico. Há casos mais ou menos divididos em categorias. Que eu não conheço nem tenho a capacidade de discutir. Mas li em algum canto sobre a língua inglesa (sei que seu interesse reside nas românicas), sabe-se lá há quanto tempo, que as sentenças com "onde, quando, quem etc" (as wh-words) são uma das divisões taxonômicas do "fenômeno preposition stranding", o que me faz supor que haja outros super-casos. Talvez lhe seja útil deslindar esses casos, voltar aqui e propor um conjunto de construções, divididas em categorias, aos nossos ouvidos.
    Guys I do need to study it better! God bless this tool. Helps a lot! At least show me how much I do need to study it. Portuguêse, English, French, Italian, all kind of language. Mandarin and Germany will be the greatest barries to the Portuguese mother language guy like me. Thanks a lot for your comment. Ari, you're the greatest...
     
    Olha eu vejo os exemplos com formas bastantes distantes de minha forma de falar e escrever, como Brasileiro comum que sou. Sou engenheiro e não tenho especialização em Línguas, Português, Inglês e outras. Fiz Inglês como todo o Brasileiro de classe média faz: 5 anos, duas vezes por semana e assim por diante. Depois, fiz uma especialização de 2 anos, intensivo, em conversação e redação para negócios, num convênio que existia entre FGV & Uma Escola de Grande Nome, na época. Era intensivo para executivos de negócios. Dois anos todos os dias. Ouvir, entender e escrever. Nada de Gramática. Foi o que me deixou fluente em Inglêss. Morei 9 meses no meio-oeste Americano. E isso é tudo. Mas nunca ouvi alguém falar a frase numero 1 do exemplo: - "O que o Congresso se posicionou contra?" - Tem que ter uma fala anterior para ser formulada essa pergunta. Talvez os dois estejam, anteriormente falando, e numa situação o sujeito já tenha dito a seção do dia tal, o congresso se posicionou contra um PL numero 039/2022, e isso era um absurdo. Dai, o outro, sem lembrar o conteúdo possa incluir essa pergunta, mais ou menos assim. "Ah, tudo bem que o congresso se posicionou contra essa PL; mas vamos lá, "o que o congresso se posicionou contra? Uma besteira ou algo importante? O que o Congresso se posicionou contra? Eu não acho que estaria "aceitável" um sujeito perguntar ao outro essa frase sem contexto anterior e posterior a essa frase? Desculpem-me. Eu não vejo a frase, sozinha, como aplicável ao dia-a-dia brasileiro da atualidade. Minha maneira de ver a coisa.

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    O que o Congresso se posicionou contra? Eu não acho que estaria "aceitável" um sujeito perguntar ao outro essa frase sem contexto anterior e posterior a essa frase? Desculpem-me. Eu não vejo a frase, sozinha, como aplicável ao dia-a-dia brasileiro da atualidade. Minha maneira de ver a coisa.
    Olá, Proplanalto. De facto, a frase solta não faz sentido, mas o que aqui está a ser avaliado é a colocação da "preposition stranding", usada na língua inglesa em finais de frases (maioritariamente) e transportada para línguas românicas, especialmente espanhol, francês e português.
    Na opção 1), a posição do Congresso não é relevante para o assunto em análise, mas sim a colocação de "contra" no final da frase.
     
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