"É verdade que o amor é coisa rara..." ?
Todo mundo tem direito a uma ou outra esquisitice (ou mais) e duas das minhas são fugir de adjetivos e vírgulas. Depois que eu acabo de escrever tenho que voltar e colocar aquelas necessárias que meu cacoete me fez pular (e tirar aqueles que escaparam do meu filtro). Nesse caso do ", na verdade," eu colocaria as vírgulas. O estilo não pode criar a oportunidade de que o leitor leia as coisas ao pé da letra e entenda mal. Remember Murphy: se algo pode ser lido do jeito errado, alguém um dia lerá.
Mas estamos tão acostumados com "em verdade vos digo", "na vera", falar "na boa", cobrar "na moral", fazer algo "no amor", "em boa fé" (os cariocas dizem "vira na Suburbana e vai na fé até a linha do trem"), que acabamos entendendo esse "em" como indicativo de âmbito ou contexto: o amor, se nos ativermos à verdade, é coisa rara.
E eu não consegui deixar de colocar as vírgulas. Talvez o verbo copulativo não aceite modulação assim tão sem cerimônia, "na cara dura". Se uma coisa é igual a outra, então uma coisa é igual a outra. O que se coloque no meio da noção de igualdade já nasce como destaque, exceção, restrição.