Se eu contava (imperfeito)

S.V.

Senior Member
Español, México
Olá! Para o 'futuro', foi comum alguma vez o imperfeito junto a se? Ainda existe? Muito obrigado!

Ex. —Então conta! —Se eu contaba, eu já estava morto.

Essa 'simetria' me interessa. —Se eu pedia agora, davas-me um abraço? Talvez em poesia? Gracias.
 
  • Vou reencaminhar para Port/Espanhol, daí o pessoal poderá ajudar, inclusive, com comparação com espanhol, caso haja.
     
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    Em casos como o do exemplo, para falar de uma hipótese, de uma eventualidade futura, nunca ouvi nem tenho notícia de que se tivesse usado. Diz-se 'Se (eu) contasse, já estava morto'. Para o passado, usa-se, claro: 'Se nesse tempo eu pensava isso, hoje já não penso'.
     
    Obrigado! Ah, sem ligação com o espanhol. Sobreviveu sim, em áreas do sul de Itália: ci tinía fame, mangiava 'se tinha fome, comia [agora]', § 748 ("esattamente" como o grego antiguo). Não sei se representa o 'extremo', e o punto 'intermediário' existe em Portugal e no resto do sul de Itália. Estava na apódose, tão comum em Portugal, seria 'conservador' (seria é invenção nossa).
     
    'se tinha fome, comia [agora]'
    Isso fez-me lembrar que há, de facto, uma situação semelhante em que usamos o imperfeito, por exemplo para expressar a nossa disponibilidade para comer quando o estômago começa a dar horas: 'Já comia' (ainda não comi, mas já estou com fome). Em todo o caso, não é exactamente a mesma situação, não estamos a falar de um evento hipotético e futuro que acarreta uma consequência como contar e, como resultado, ser morto.
     
    Não posso afirmar com certeza porque já não tenho mais a fonte, mas uma vez encontrei a informação de que o imperfeito do subjuntivo com “se” ter-se-ia estabelecido meio tardiamente em português e em italiano, sendo um cultismo importado do latim. Antes disso, parece-me que se usava o imperfeito tal como em francês com “se”, embora talvez não exclusivamente. Seria no século XV? Talvez. Vou tentar encontrar as fontes.

    De todo o modo, no português contemporâneo é inaceitável e soa muito estranho. Além disso, o imperfeito do indicativo compete (e ganha muitas vezes) é do condicional: “eu não deixaria isso acontecer de jeito nenhum”<> “eu não deixava isso acontecer de jeito nenhum!”. Em frases encabeçadas por “se” o imperfeito pulula no Brasil, mas não na principal: “se eu fosse vocês, chegaria mais cedo” <> “se eu fosse vocês, chegava mais cedo”… além dos clássicos exemplos tanto no Brasil quanto em Portugal usando o imperfeito em declarativas simples quando se esperaria o condicional: “eu preferia que viessem ainda hoje” em vez de “preferiria” é comuníssimo no Brasil. A única diferença real entre as variantes parece ficar por conta do verbo “gostar” que nunca vai para o imperfeito no Brasil, mas em Portugal é talvez a forma mais corrente “gostaria/gostava de…
     
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    Seria no século XV?
    Obrigado, Carfer, Guihenning! Aqui com a arqueologia. :p Acho que também devem conhecer uma semelhante, lá no sul. Também já tiveram o infinitivo pessoal, e menino.1 2 A cosa do grego, vendo avós falando Tsakonika ou Romeyka, esse 'soa eslavo' comum por aí, para Portugal, eu acho que escuta uma relíquia, para a linha que retém Tu és Deus. Um abraço.
     
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