Muito obrigada, como sempre.
Resumindo, é aconselhável usar, em ordem decrescente do ponto de vista de frequência:
Dona Daniela
Senhora Dona Maria
Senhora Dona Maria Viana
Do ponto de vista da frequência, sim, mas o que me parece importante não é a frequência, é o grau de formalidade ou de familiaridade com a pessoa, pelo que, naturalmente, a forma de tratamento tem de ser vista caso a caso. E as circunstâncias também contam. Por exemplo, posso tratar um juiz ou uma juíza pelo nome próprio fora do tribunal, se for amigo dele/a ou tivermos sido colegas de faculdade, mas está completamente excluído fazê-lo no tribunal ou em actos oficiais. Por outro lado, mesmo não havendo familiaridade, posso dirigir-me a alguém apenas pelo nome próprio, omitindo
'Senhor' ou '
Senhora Dona': '
Leia isto, Daniela'. Ponto é, em princípio, que se trate de uma relação equilibrada ou em que o falante esteja numa posição de superioridade, isto é, que o interlocutor não seja, por exemplo, um superior hierárquico num ambiente em que o respeito da hierarquia seja absoluto. Neste caso de tratamento pelo nome próprio, é o uso da terceira pessoa verbal que marca a distância, a menor familiaridade.
E o que é que acontece aos demais pronomes de tratamento femininos? Acrescenta-se-lhes o nome próprio e/ou o apelido ou não?
Doutora (Engenheira, Professora, etc.) / Doutora Maria / Doutora Maria Viana?
Senhora Doutora / Senhora Doutora Maria / Senhora Doutora Maria Viana?
Dizer simplesmente
'Doutoura', sem mais (*), é uma forma ainda respeitosa mas mais próxima da informalidade. Está em claro aumento. Dependendo das circunstãncias, nem toda a gente a aceitará bem, pelo que haverá que ter o cuidado de só a usar com alguém que se conhece bem.
Com os títulos académicos é mais frequente não explicitar o nome, dizer, por exemplo, apenas '
Senhora Doutoura'.
Relembro que na escrita as abreviaturas são comuns e, é escusado dizê-lo, o que digo reporta-se apenas à generalidade das situações, podendo haver, evidentemente, excepções. Nesta matéria, é o casuísmo que rege.
"Senhora de Oliveira", o que está informando, na verdade, é o nome do marido.
Aqui também, com o acrescento que é uma prática muito rara e restrita a pequenos segmentos da classe alta cheios de maneirismos e pretenciosismos. De resto, a adopção do nome do marido pela mulher casada está hoje em claro decréscimo. Dominante há meio século, não sei mesmo se ainda hoje predominará, pelo menos foi a sensação que tive quer pela observação dos usos, quer, especificamente, pelos processos de divórcio, pelos quais se podia ver que era cada vez menor o número de mulheres que tinham adoptado o apelido ou apelidos do marido aquando do casamento.
(*) P.S. A propósito de se dizer simplesmente '
Doutoura', convém recordar que ao contrário do que se ouve frequentemente nos filmes ou se lê em legendas de tradução mal amanhadas, em português, pelo menos no de Portugal, já não se usa o vocativo '
Senhora', sem mais. Já se usou, mas hoje é um arcaísmo. O normal é '
Minha senhora', '
Dona x', Senhora Dona x'